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Nem todo álcool funciona contra o coronavírus; saiba as diferenças


Álcool gel funciona no combate ao vírus, mas outros não. Imagem: Getty Images

Ao lado da mistura de água e sabão, o álcool é um grande aliado para conter o novo coronavírus. Em gel ou líquido, ele limpa as mãos quando não é possível lavá-las e desinfeta objetos e superfícies —o vírus da covid-19 sobrevive até três dias no ambiente. Mas é importante saber que nem todo álcool é eficiente, por conta da concentração da substância. Existem vários tipos de álcool. Os mais comuns são o etanol, que todo mundo compra no supermercado para usar no dia a dia, e o isopropanol, mais conhecido por álcool isopropílico, usado na indústria e em laboratórios, mas que pode ser encontrado em lojas de informática (ele é muito usado na limpeza de placas de computador).


"Para matar ou inativar microorganismos, o etanol é eficiente, mas apenas se usado em concentrações entre 60% e 80%", explica Laura de Freitas, doutora em biociências e biotecnologia pela Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho).


Ou seja: álcool puro demais ou diluído demais não funciona para matar o vírus.


Não funciona: álcool 46% que costumamos usar para a limpeza da casa

Funciona: álcool para churrasco e lareiras tem concentração de 80% (pode irritar a pele)

Funciona: álcool gel higienizador de mãos com concentração de 70%.


Para saber a concentração do álcool, olhe a embalagem. A informação geralmente está escrita assim: 46º INPM. A sigla se refere a Instituto Nacional de Pesos e Medidas e o número diz a proporção da mistura entre água e álcool no produto (46% de álcool puro e 54% de água).


Ok, que o álcool diluído não seja eficiente faz sentido. Mas sabia que isso também vale para álcool muito concentrado?


"Álcool puro evapora muito rápido, não dá tempo de matar ou inativar microorganismos. Uma vez que há água na mistura, ela aumenta o tempo necessário para que o álcool evapore, permitindo que ele aja sobre esses microorganismos" - Laura Freitas.


Encontrar álcool líquido com concentração entre 60% e 80% à venda não é uma tarefa muito simples —especialmente durante a pandemia. Não tente mudar a concentração do álcool etanol ou de qualquer outro tipo de álcool sozinho, isso pode deixar a substância ineficiente ou causar danos à saúde.


Neste caso, a recomendação é usar sabão, que é a forma mais eficaz e barata de combater o vírus.


Para desinfetar superfícies, você também pode usar produtos de limpeza como:


- Água sanitária

- Desinfetantes em geral

- Limpadores multiuso com cloro ou álcool

- Detergente Sabão


Como o álcool acaba com o vírus?


O álcool precisa entrar em contato com os vírus e as bactérias. A partir daí, podem ocorrer dois processos: a dissolução de lipídios (gordura) e a desnaturação proteica, isto é, a exposição de proteínas a meios diferentes dos quais elas foram produzidas, gerando um efeito parecido ao de uma coagulação.


"No caso do novo coronavírus, assim como outros, como o da gripe, há uma capa de gordura chamada envelope, que é dissolvida pelo álcool ou por detergente. Uma vez que isso ocorre, o vírus fica totalmente inativo, não consegue mais infectar ninguém", explica Freitas.


Já o tempo necessário para que o álcool faça efeito varia de acordo com a sua concentração. "No caso do álcool com concentração próxima aos 70% [a do álcool gel], o vírus leva entre 30 segundos e um minuto para ser inutilizado. No caso da limpeza das mãos, é o tempo suficiente para passar o produto e esperar evaporar".


Moléculas frágeis


A diferença entre etanol e isopropanol está na construção da molécula: o primeiro tem uma molécula composta por dois átomos de carbono, seis de hidrogênio e uma de oxigênio, enquanto o segundo tem três átomos de carbono, oito de hidrogênio e uma de oxigênio.


"Em ambos os casos, o álcool não sai puro e tem que ser destilado para chegar na concentração necessária", explica Luis Geraldo Cardoso dos Santos, professor de Química do Instituto Mauá de Tecnologia.


Uma das principais características do álcool é a rapidez com a qual ela evapora. Não é exclusivo, mas é algo marcante da substância.


"A maioria dos líquidos evapora. Recebendo o calor do ambiente, as interações entre as moléculas são 'quebradas' e elas saem do estado líquido. Como as interações dos álcoois são mais fracas que a da água, eles evaporam mais facilmente na temperatura ambiente", explica Santos.


Se você já derramou álcool na pele, sabe que a evaporação causa uma sensação de frescor. É a evaporação retirando calor da superfície. A mesma coisa acontece quando a água ou o suor evaporam na pele, mas no caso do álcool, como é mais rápido, a variação de temperatura é mais perceptível.


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